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Educadora baiana recebe prêmio da revista "Cláudia"

Por Correio da Bahia    26 de outubro de 2001
A educadora Vera Lazzarotto, 66 anos, fundadora da Sociedade 1º de Maio (entidade responsável pela democratização do ensino em Alagados, um dos lugares mais carentes de Salvador), é uma das cinco vencedoras da edição 2001 do Prêmio Cláudia, concedido no último dia 23, numa festa no Teatro Alfa, em São Paulo, que reuniu todas as finalistas. O Prêmio Cláudia, desde 1996, vem destacando importantes iniciativas da mulher brasileira nos mais diversos campos do conhecimento.

As outras quatro premiadas são Fernanda Giannasi (São Paulo), que luta pelo banimento do amianto do Brasil; Rosângela Bernabé (Rio de Janeiro), que ministra aula para deficientes físicos; Mayana Zatz (São Paulo), que atua em pesquisas de genética e interpretação de processos de distrofia muscular; e Edneusa Pereira Ricardo (Alagoas), prefeita de São José da Tapera que trabalha no combate à seca, à mortalidade infantil e ao analfabetismo. Esta última, entre as cinco premiadas, recebeu o título de Mulher do Ano.

Reconhecimento - De todos os trabalhos de impacto social desenvolvidos na Bahia por mulheres, o de Vera Lazzarotto foi o único a receber o Prêmio Cláudia. Os benefícios na área de Educação proporcionados pela Sociedade 1º de Maio, em Alagados, são amplamente reconhecidos por organismos governamentais e não-governamentais. Segundo a educadora, atualmente, apenas 1,9% dos moradores com até 25 anos de idade não sabem ler. "O nível de escolaridade, no bairro, subiu, uma vez que muitos jovens completaram o ensino médio e participaram de cursos profissionalizantes. Para se ter uma idéia desse crescimento, basta dizer que, quando cheguei à então favela, a taxa de analfabetismo era de 74,4% e apenas 14% das crianças freqüentavam a escola", avalia.

Lazzarotto chegou a Alagados em meados da década de 1970. Ela trocou seu confortável apartamento no Flamengo, no Rio de Janeiro, para iniciar, em um dos bairros mais pobres da capital baiana, um trabalho de educação popular que tem como referência o método Paulo Freire, segundo o qual o analfabetismo é uma forma de opressão e o aprendizado um meio de transformação política. Nesses mais de 25 anos, a educadora já conseguiu alfabetizar mais de oito mil crianças. Alguns, inclusive, tornaram-se monitores nas três escolas comunitárias que compõem a Sociedade 1º de Maio.

As 15 finalistas que compuseram o dossiê enviado à comissão julgadora foram selecionadas pela diretoria do núcleo feminino da Editora Abril ente 50 mulheres, que, por sua vez, foram escolhidas por uma comissão entre 250 indicadas em todo o Brasil. O processo de seleção das candidatas começou no início do ano, quando entidades governamentais e não-governamentais, fundações e universidades receberam fichas de indicação. As cinco premiadas foram escolhidas por um júri composto pelo representante da Unesco no Brasil, Jorge Werthein, pelo senador Eduardo Suplicy (PT), pela deputada federal Ester Grossi (PT), pelo ministro da Educação, Paulo Renato Souza, e pelo coordenador das Nações Unidas no Brasil, Walter Franco, entre outras personalidades.

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