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Solidariedade na veia

Por Correio Braziliense    22 de outubro de 2001
Doar sangue não dá trabalho nenhum. O maior esforço, na verdade, é para derrubar os preconceitos que ainda cercam o ato. Conheça os procedimentos necessários para se tornar um doador e saiba que quem ajuda a salvar vidas tem compensações



Marcelo Rocha

Da equipe do Correio

Não leva mais de 40 minutos. Em um único ato de solidariedade, uma recompensa para toda a vida. ''A gente sai de lá de alma lavada'', conta a estudante Marcela Trindade, 20 anos, depois de doar sangue na Fundação Hemocentro de Brasília (FHB). ''É bom saber que um pouco de nós pode fazer a felicidade de outro'', diz Marcela, doadora pela terceira vez.

Quem dera a doação de sangue fosse um assunto encarado sempre assim - com simplicidade, sem qualquer preconceito. Infelizmente, alguns mitos ainda impedem que as pessoas pratiquem esse ato de solidariedade. E a lista é grande: 1) Doar sangue causa dependência? 2) Há risco à saúde do doador? 3) Engorda ou emagrece? 4) Engrossa ou afina o sangue? 5) Exige do organismo que o doador faça novas doações no futuro?...

A resposta é NÃO a todas essas perguntas. Doar sangue é um santo remédio. Faz bem para a alma. Faz com que o ser humano tome consciência de que vai ajudar alguém doente que, em geral, necessita do sangue com urgência. ''É uma das realizações mais genuínas da vida'', reforça Luciano Flores, chefe do serviço médico da coleta do Hemocentro de Brasília, doador por cinco vezes.

A coleta de sangue, propriamente, não leva mais que dez minutos e é feita depois de consulta com médicos especializados. Eles vão dizer se você está apto ou não a doar. No Hemocentro de Brasília, o processo todo, incluindo consulta e coleta, dura, em média, 40 minutos. O máximo de sangue retirado é de 450ml e o mínimo, de 300ml. Homens podem fazer doações a cada 60 dias e mulheres, a cada 90.

Exemplos como o da estudante Marcela estão aí para serem seguidos. É gente como ela quem mantém uma média diária de 115 doadores no Hemocentro. Poderia ser melhor ainda se a vontade de doar não esbarrasse em tantos mitos. ''Para tentar mudar essa história, procuramos informar a comunidade. As pessoas precisam conhecer o assunto'', ressalta Flores.

O estagiário em Administração Marco Aurélio Ferreira Xavier, 31 anos, viu que poderia ser um voluntário ao ler sobre o Hemocentro de Brasília na Internet. ''Descobri que doar sangue não é um bicho de sete cabeças'', diz Marco, que procurou o Hemocentro de Brasília recentemente para doar sangue pela segunda vez na vida. ''Vai virar um hábito.''

Para aqueles que se interessaram, o Hemocentro de Brasília não é o único lugar a fazer coletas no Distrito Federal. Hospitais públicos também têm bancos de sangue que recebem doações de segunda a sexta, como os regionais de Taguatinga e Gama e o Hospital de Base, além de alguns particulares. O material colhido nesses centros é enviado ao Hemocentro, que realiza os exames sorológicos que indicam se o sangue pode ser aproveitado para transfusões em pacientes.



Tudo sobre a doação

Pode doar sangue quem



Goza de boa saúde

Tem entre 18 e 60 anos

Pesa acima de 50 quilos

Dormiu pelo menos seis horas na noite anterior à doação

Não ingeriu bebida alcoólica nas últimas 12 horas anteriores

Embora não seja necessário estar em jejum, evitou comer alimentos gordurosos (leite, manteiga, queijo etc)

Apresente documento de identidade original (RG ou Carteira de Trabalho), com fotografia



Não pode doar quem

Tem doenças infecto-contagiosas, como doença de Chagas, malária ou hepatite

Tem parceria sexual com pessoas infectadas pelo HIV (AIDS)

Tenha tido no último ano doenças sexualmente transmissíveis (gonorréia, sífilis etc)

Homens e mulheres com múltiplas(os) parceiras(os) sexuais e que têm relações sexuais sem o uso de preservativo

Pessoas que fazem uso de drogas injetáveis

Mulheres grávidas, amamentando ou que tiveram aborto nos últimos 3 meses

Pessoas que já receberam sangue não devem doar sangue até dez anos depois da transfusão



Onde doar

Hemocentro de Brasília, no Setor Médico Hospitalar Norte (em frente à Administração de Brasília)

O atendimento é de segunda a sexta-feira, das 7h às 16h

No horário da manhã (até às 11h), o Hospital de Base e os hospitais regionais de Taguatinga e Gama também recebem doações para o Hemocentro de Brasília



Recomendações para depois da doação

Permaneça nas dependências do Hemocentro por pelo menos 15 minutos

Não fume por até duas horas

Beba grande quantidade de líquidos nas 12 horas seguintes à doação

Evite ingestão de bebida alcoólica até a próxima refeição

Pressione o lugar da punção para evitar hematomas

Em caso de sangramento depois de ter saído do Hemocentro, faça compressão local até estancar o sangue

Qualquer problema no local da punção - dor, acúmulo de sangue abaixo da pele (hematoma ou vermelhidão) - retorne ao serviço de coleta para atendimento imediato

Interrompa as atividades de esforço físico nas 12 horas seguintes



Direitos do doador

Atestado de doação

Atestado de comparecimento

Carteira de doador, depois da terceira doação na Fundação Hemocentro de Brasília

Dispensa do dia de serviço (conforme Lei nº 1075, de 27.03.50)

Isenção de taxa de concurso público no DF (conforme Lei nº 1321, de 26.12.96) depois da terceira doação



Dúvidas mais freqüentes

Doar sangue é seguro?

Sim, doar sangue não oferece riscos ao doador porque nenhum material usado na coleta do sangue é reutilizado, o que elimina riscos de contaminação.

Doar sangue engorda ou emagrece?

Não há qualquer tipo de alteração na parte física de quem doa. O organismo repõe em algumas horas o volume de sangue do doador.

Quem doa sangue uma vez é obrigado a doar sempre?

Não, doar sangue não vicia o organismo da pessoa.

Doar sangue engrossa ou afina o sangue?

Ao doar, o sangue no organismo não sofre qualquer alteração.

Qual quantidade de sangue é doada?

Uma pessoa adulta tem em média cinco litros de sangue. Em cada doação, o máximo de sangue retirado é de 450ml e o mínimo, de 300ml.

Quantas vezes por ano uma pessoa pode doar sangue?

O homem pode doar sangue de dois em dois meses e a mulher, a cada três meses.

Qual é o tipo de sangue mais importante?

Para o Hemocentro de Brasília, todos os tipos de sangue são bem-vindos. Nos hospitais do Distrito Federal existem pacientes que necessitam de todo tipo, seja ele A, B, AB ou O, positivo ou negativo.

Qual grupo sanguíneo é o mais difícil de ser encontrado?

O sangue com fator RH negativo é o mais raro em nossa população.



Mulher doadora

A mulher pode doar sangue se estiver menstruada?

Sim, pode doar também se estiver usando anticoncepcional ou DIU (dispositivo intra-uterino)

Quem teve filho ou abortou pode doar sangue?

Sim, mas somente depois de três meses

E a mulher que está em período de amamentação, pode doar?

Sim, três meses depois do parto também

A mulher grávida deve doar sangue?

Não deve doar



Fonte: Fundação Hemocentro de Brasília

SERVIÇO Informações pelo telefone 327 4424 ou no site www.fhb.df.gov.br. Confira dicas sobre o assunto também no site cidadao.correioweb.com.br.

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